E viva o teatro

Às vezes, as pessoas com quem não temos confiança são as que nos definem melhor. A distância ajuda-as numa avaliação isenta de simpatias e agrados hipócritas ou inconscientes. Talvez por isso se diga que as primeiras impressões são sempre as mais verdadeiras.
Conforme certas amizades se fortificam, a verdade torna-se mais escassa ou mais trabalhada com os dados que temos da outra pessoa.
O aval certo, que esperamos de certas pessoas nas nossas atitudes, leva-nos a estarmos bem com nós próprios, sem nos pormos em causa.
Por outro lado, quantas vezes pensamos que é melhor não dizer ou fazer certas coisas, porque podemos magoar as pessoas que gostamos, independentemente de o acharmos certo?
As amizades, quais peças de teatro, desenrolam-se conforme o elenco em causa. Num cenário que se tenta sempre ser o mais aprazível e surdas para um ponto chamado verdade, sempre que esse ponha em causa o espectáculo desejado.
As roupagens, com vestimos o que dizemos e fazemos, são as que na altura ficam melhor sobre um palco que, no fundo, serve de fachada a peças sem nexo. Mas muitas vezes necessárias à concretização das personagens que connosco contracenam... Pena que não se apercebam das nossas deixas.
Começo a pensar que a sinceridade, em absoluto, é incompatível com a amizade, pelo menos em certos palcos. E nem todos conseguem personagens suficientemente fortes para poderem ter, ou ser, um verdadeiro Amigo...